Gabriel Veron e duas outras estrelas são fundamentais para as esperanças da Libertadores do Palmeiras

Gabriel Veron e duas outras estrelas são fundamentais para as esperanças da Libertadores do Palmeiras

Última atualização em 28 de janeiro de 2021 15h56 por

O Palmeiras enfrentará o Santos na final da Copa Libertadores, no Maracanã, no Rio de Janeiro, no sábado. A campanha até agora tem sido iluminada pelo surgimento de uma emocionante safra de jovens jogadores.

No início de 2019, as esperanças eram grandes entre os torcedores do Palmeiras. O Verdão tinha acabado de vencer a Série A do Brasil sob a orientação de Big Phil Scolari e parecia que poderia ser o início de uma época gloriosa.

O Palmeiras construiu um novo estádio com a ajuda de investimentos privados, inaugurado em 2014, e através de uma gestão financeira sensata eliminou dívidas anteriormente paralisantes. Com as receitas fluindo e mais investimentos dos patrocinadores, havia muito dinheiro circulando.

Chegou uma série de nomes, incluindo Ramires, Luiz Adriano e Ricardo Goulart, além de vários jogadores de qualidade de outros times do Brasileirão, para somar a um elenco que já contava com duas boas opções em cada posição.

Diante de gastos tão glutões, o Palmeiras era o favorito para manter o título da liga e adicionar ao gabinete a tão esperada segunda Copa Libertadores.

No entanto, uma grande decepção estava ao virar da esquina.

Em abril, eles perderam a semifinal do campeonato estadual de São Paulo para um time paulista pouco conhecido, enquanto Felipão lutava para manter feliz seu elenco ridiculamente inchado. E apesar do início positivo da temporada da liga nacional que se seguiu, as coisas logo começaram a piorar.

Uma situação difícil em julho e agosto fez com que o Palmeiras caísse para o quinto lugar no campeonato e fosse eliminado da Libertadores para o Grêmio. O elemento hardcore da torcida se voltou contra Scolari, a certa altura se reunindo do lado de fora do campo de treinamento e cantando: “Felipão, vai se foder, se você não ganhar amanhã é você quem vai morrer”.

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Depois de uma derrota por 3 a 0 para o Flamengo no dia 1º de setembro, o ex-técnico do Chelsea foi finalmente demitido. E enquanto o Flamengo conquistou a dobradinha do campeonato e da Libertadores que o Palmeiras sonhava que poderia acontecer, jogando um futebol brilhante sob o comando de Jorge Jesus, a temporada do Palmeiras só piorou.

Mano Menezes, o desprezado e ex-técnico defensivo do rival Corinthians, foi contratado para substituir Scolari e o Palmeiras terminou a 16 pontos do primeiro lugar.

Então, no que diz respeito à temporada de 2020 – que finalmente terminará no sábado com a final da Copa Libertadores contra o rival estadual Santos – as demandas eram diferentes.

Os torcedores do Palmeiras queriam voltar a ser o Palmeiras que avançava por dentro e jogava na frente, na tradição dos times de seu passado glorioso.

Chegou a lenda do clube Vanderlei Luxemburgo para uma quinta passagem como técnico e, depois de uma folga na janela de transferências do verão brasileiro, um novo projeto começou, centrado em três jovens que caracterizam este novo visual do Palmeiras: Gabriel Veron, Gabriel Menino e Patrick de Paula.

Gabriel Veron, que leva o nome do ex-meio-campista argentino Juan Sebastião, é o mais imediatamente chamativo do trio e, tendo sido o melhor jogador do Mundial Sub-17 de 2019, já chamava muita atenção dos grandes do futebol europeu – mais notavelmente o Manchester United.

Ele estreou com dois gols pelo Palmeiras no final de 2019 e, com seu ritmo explosivo e dribles, foi a faísca para algumas boas atuações ofensivas ao lado do mais experiente Willian no início de 2020.

Em 2019, Veron disse ao Athletic: “Estou sempre procurando ir para cima do meu homem, driblar ele, fazer as coisas acontecerem. Gosto dessas batalhas individuais.” Raramente ele entra em campo sem apoiar essas palavras com suas ações.

À medida que o campeonato paulista avançava, porém, os menos chamativos, mas igualmente influentes, Gabriel Menino e Patrick de Paula também ganharam destaque. Luxemburgo abriu espaço no meio-campo ao transferir o velho cavalo de batalha Felipe Melo para a defesa-central, e os dois jovens estavam prontos para ocupá-lo.

Menino foi o primeiro a se destacar, demonstrando de imediato a versatilidade que o torna tão interessante e já o viu convocado duas vezes para a Seleção Sênior por Tite em 2020.

Como disse um técnico juvenil da época do Guarani à ESPN Brasil no ano passado: “Menino foi testado como zagueiro no final de 2013 e foi rapidamente aprovado. Mas mudei a posição dele porque ele foi bom em avançar e entrar na área.”

Essa capacidade atlética e habilidade técnica excepcional – o ex-meio-campista brasileiro Cesar Sampaio disse no ano passado que Menino tinha a “técnica de um jogador de futsal” – significa que ele pode jogar tanto como meio-campista central quanto como lateral-direito, e está nesta última posição que ele foi convocado para jogar pelo seu país.

O lateral-direito titular do Brasil ainda é Dani Alves, de 37 anos, e na configuração tática o técnico Tite elaborou ele se posiciona quando o Brasil tem a posse de bola para atuar como meio-campista central auxiliar. Visto como um dos poucos jogadores que poderia desempenhar uma função semelhante, Menino foi convocado com menos partidas pela seleção principal do que Ronaldo quando foi escolhido pela primeira vez em 1994.

Patrick de Paula, um defensor mais clássico, ficou logo atrás de Menino e logo se consolidou como peça útil do elenco.

De Paula é um produto do futebol amador do Varzea, e não uma academia, e isso fica evidente. Os jogos do Várzea são disputados em campos de terra batida com uma abordagem de não fazer prisioneiros, o que significa que os jogadores são forçados a desenvolver um bom primeiro toque e devem aprender a lidar com – e distribuir – tratamento rude.

Os aspectos mais impressionantes do jogo de De Paula, porém, continuam sendo sua visão e seu chute com o pé esquerdo – ele consegue fazer um passe de sessenta jardas como poucos no Brasil e seu chute é poderoso e preciso.

Quando chegou a final do Campeonato Paulista, tanto Menino quanto De Paula eram titulares do time titular, e ambos tiveram atuações maduras quando o Palmeiras foi levado aos pênaltis pelo Corinthians. Na disputa de pênaltis, De Paula desferiu o chute da conquista do título no canto superior com uma convicção e confiança que desmentia seus 20 anos.

Infelizmente, a pandemia – e, no caso de Veron, uma lesão muscular de longa duração – atrapalhou o progresso do trio. Veron usou o tempo de forma criativa, tornando-se uma sensação brasileira do TikTok que canta e dança. Mas assim que o futebol voltou, os três voltaram ao seu verdadeiro trabalho.

Na Série A, a forma do Palmeiras foi pior, o que acabou resultando na demissão de Luxemburgo. Mas a essa altura ele já havia feito o importante trabalho de trazer os jovens. Na Libertadores, o andamento foi tranquilo.

Luxemburgo foi substituído pelo técnico português Abel Ferreira. Além de ser uma lufada de ar fresco taticamente, trazendo velocidade e franqueza ao ataque do Palmeiras, Ferreira continuou de onde Luxemburgo parou no sentido de dar oportunidades aos jovens, dando oportunidades ao meio-campista Danilo, de 19 anos, e também ao mencionado trio.

O momento de sol dos jovens veio em dezembro, quando o quarteto estreou junto contra o Delfin nas oitavas de final da Copa Libertadores. De Paula abriu o placar com um golazo antes de Veron marcar dois, um deles cortesia de uma assistência de Menino. Danilo fechou a goleada por 5 a 0.

Nos dias seguintes ao jogo, Ferreira disse sobre Veron: “É impossível o Palmeiras vender esse jogador por menos do que o Santos vendeu a Neymar”. Era típico do seu chefe português. Ferreira conversa com os jovens em todas as oportunidades ou, se necessário, defende-os das críticas, como foi o caso de De Paula após algumas atuações cansadas em dezembro.

O estilo positivo de gestão humana de Ferreira é claramente eficaz. Depois de vencer o Libertad nas quartas de final, o Palmeiras enfrentou o River Plate no Monumental no jogo de ida da semifinal e, com Menino, De Paula e Danilo em papéis importantes, explodiu Marcelo Gallardoé experiente de lado.

O trabalho defensivo de De Paula foi exemplar, enquanto a jogada de Menino pela direita foi vital para o primeiro golo e Danilo fez o passe para o segundo de Luiz Adriano, ajudando a equipa de Ferreira a vencer por 3-0. Após o jogo, o ex-jogador do Corinthians e do Brasil virou apresentador de TV falastrão, Neto, disse que De Paula “tem que ser titular da Seleção”.

Na segunda mão, com De Paula e Veron ausentes devido a lesão, o Palmeiras sofreu claramente a pressão, segurando-se pela pele dos dentes e perdendo por 2-0. Foi o suficiente, porém, para garantir a vaga na final da Libertadores pela primeira vez em duas décadas.

Todas as quatro jovens estrelas de Ferreira estão de volta à forma e disponíveis para jogar contra o Santos, no Maracanã. Se o Palmeiras erguer seu segundo troféu da Libertadores no sábado, você pode ter certeza que os torcedores do clube os considerarão símbolos locais de uma campanha gloriosa.

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